30/09/2013

Olhos profundos

Vejo seus olhos e mergulho fundo
E me afundo em prazeres impossíveis:
Sonhar,
Sorrir,
Ceder,
Realizar(-se)...
E quando vou a fundo,
Não há o que impeça a chegada do meu bem,
Esperando afugentar meu mal.

29/09/2013

Um novo dia!

Esse é um novo dia,
Que trará seus desafios
E minhas realizações.
E que nos trague o amor!

28/09/2013

Olhar e desejar

Você me quer, mas não me olha:
Mal me quer.
Ela me olha e não me quer.
E nem sequer
Sabe
Que bem me quer.

27/09/2013

Coração partido

Ninguém poderá rever
O que não se viu,
O que partiu.
E os cacos estão na sua mão,
Meu coração!

26/09/2013

Minhas dúvidas

Não queria ter razão.
Nem você.
Queria só ficar
Só com você.
E minhas dúvidas.

25/09/2013

Água mole em coração de pedra dura (de) uma vida interia

A chuva molha minha cara,
Mas não lava minha alma.
Há um coração duro
Precisando amolecer.
Antes que a secura venha.

24/09/2013

Dúvida

Se me impõem duas vias
E preciso escolher uma,
Prefiro voar!
Voar com o coração,
Pra longe do mundo,
Pra dentro de mim.
Porque não imagino (que) o amor só
Possa se dar no nível do chão,
De uma vez só,
Por uma via só.
Vamos voar,
Imaginar!

23/09/2013

Marca!

Beijo,
Deixo,
Mexo,
Meto
E remeto
Meu amor.
Sem deixar marca,
Sem deixá-la jamais
Em paz.

22/09/2013

Quando não há meios, traçamos

Não há caminhos
Que nos leve
A pensar
No fim.
E todos eles
Convergem
Em nós,
Amantes dos atalhos,
Dos erros desejados,
Vividos,
Trilhados...
E fugir é nosso dom.

21/09/2013

Trabalho e lazer

Para a classe operária,
Tudo é trabalho.
E o que não é trabalho,
Dá muito trabalho.
Até descansar é obrigação.
E viajar é para poucos,
É para os outros.
Prazer tem quem tem.
E quem não tem,
Trabalha!

20/09/2013

Cuidado

E se não houver libido,
Haverá gemido?
E se faltar o pão
Haverá um pau?
Se se quiser chegar
A algum lugar
Tem de aprender a esperar
O momento certo,
As fases da vida,
Que não pertence a você.

Não pode faltar a poda,
A rega
E o sol.
Trabalhos diários,
Cansativos como todos os demais.
Recompensador!
Recompensa a dor
Do cuidado.

19/09/2013

Burro!

Sou mais burro do que pretendia.
E, no entanto, o capim não é o meu fim.
Mas o mato me atrai.
Assim como você.

18/09/2013

Olho e não vejo

Olho para os meus olhos
E não os vejo meus.
De que adianta ter olhos
E não me ver nos seus?

17/09/2013

Viveria e vivo


Eu não viveria
Sem você.
E, no entanto, vivo
Esperando entender
Nossos momentos,
Aquele sentimento
De que não ouso
Dizer.
Só sentir.
Viver
A seu lado
Meu amor.

16/09/2013

Não sou nada além

Não estou nada
Bem.
Não sou nada
Além
Do meu amor,
Carrega-dor de sonhos
E ilusões perfeitas,
Que não matam
Nem engordam.

15/09/2013

Poesia leve e leviana

Sinto que não sou deste mundo,
Dos justos e honestos.
Preciso voltar ao submundo,
Às graxas,
Aos gozos,
À dinâmica do amor:
Ilimitado,
Indecente,
Impenitente...
Salve-me dessa ordem
Das coisas cinzas!
Dá-me a liberdade
E a encherei de beijos
E de carnes pingantes
Com gostos picantes,
Conforme o seu paladar,
Sua vontade de comer
Com o seu amor.
Vamos nos devorar
Até o sono chegar.

14/09/2013

Vai (curtir)


Às vezes a gente vai longe só pra poder voltar, pra rever a paisagem e os percalços do caminho, que nos fazem repensar o destino, que chega mesmo quando não é fim.
Às vezes a gente vai pra não voltar. Daí a importância de ir devagar, de viver intensamente o instantâneo, que é nosso meio (ambiente).

13/09/2013

Envelhecimento

Envelheci.
E descobri:
Envelhecer é um prazer.
É poder
Rever
O que não se foi.
Caem as peles,
Os pelos
E as censuras.
Mas o coração nem sofre,
Ele já é forte,
Resignado,
Cicatrizado...

Envelheci as memórias
Descartei as pessoas
Que fui,
Que se foram,
Aglutinando em mim.
E passo os dias esperando o fim,
Mas adiando seu começo.
Porque não há razão para não ser
O que nunca fui.
Quero todas as remelas
A meu lado.
Quero as magrelas
E cheias panelas.

Quero não pensar em nada
Que me faça ansiar.
Quero não fazer nada
Que não queira.
E quero realizar expectativas.
Certo de que é o que me salvará
Do passado,
No futuro.

Quero poder
Mudar de ideia,
E rasgar o que fiz,
Inventar o que não fiz...
Recomeçar
É pra já.

12/09/2013

Mar espumante

As ondas estouram na areia.
A noite negra valoriza as estrelas
E a cidade não nos vê.
Mas o coração poeta,
Entrega o sorriso franco.
As coxas grossas se apertam com gemidos
E a bunda grande apalpa minhas mãos.
Não há modos
Para expressar
Amor,
O que há entre nós.
Quando nos encontramos o ridículo vem
Iluminar a escuridão de nossos desejos.
E o mico se solta
Inebriando a razão que nos molda,
Que quer nos aprisionar em nós.
Fechar os olhos é sempre subversivo,
Abre sempre um novo horizonte,
Onde o caos abraça a vida
E guia a moral que não cabe
Em uma garrafa de espumante
Na areia escaldante.

11/09/2013

Solidão

Há uma solidão a que me obrigo,
Uma escuridão em que me abrigo.
E ninguém quer só me ver.

10/09/2013

Conte suas verdades


Se não gosta de mentiras,
Conte suas verdades.
Elas cabem em minhas mãos.

09/09/2013

Lutar não é crime!

São chegadas,
São partidas...
Vitórias
Escondidas,
Desejadas,
Escancaradas...
E o fim nunca virá!
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Poesia escrita para a companheira/guerreira Rovena Furtado Amorim.

08/09/2013

Criança no escuro

Há uma criança desamparada
No escuro do quarto.
Ela sempre espera a noite chegar.
Há uma criança assustada
No fundo de nós,
Que dorme na agitação do dia,
Porque sua motivação não compreenderia,
E acorda para não nos permitir sonhar.

Há dois olhos pequeninos mirando
Para fora de nós,
Observando o quarto,
Castelo de angústias de separação,
Do mundo distante
Que está perto de nós.
Uhhaaaa... [bocejo]
[Silêncio]
zzzzzzzzzz...
[A criança se foi,
Mas logo voltará]

07/09/2013

Nada a ver

Olhei para o nada
E vi tudo,
Até o que não devia,
O que nem sabia.

06/09/2013

O filme da vida é um thriller de ações cortadas

Eis a vida
Que se passa diante de seus olhos.
Esse é o dia de hoje.
E nada vem (e nem vai) além,
Não há aquém.
Não há a quem
Culpar.
Não há porque
Reclamar.

Olhar para frente é imperativo.
Mas expectar demais, hiperativo.
Expectar demais é não expectorar o medo
E aprisionar o sonhado.
Ansiedade!
Nada mais que uma cena não exibida,
Intensamente desejada,
Trazendo agonia e dor
Seja para quem for.
Ou para quem ficar.

Controlar é desperdiçar a vida,
É cortar (ou contar) uma cena de cinema,
Em que não se vive,
Sem atores,
Sem improvisos,
Sem objetos, objetivos e objetivas.
Sem projetos e projetores.
Ah, e sufocos.
Quando o ar acabar,
Haverá chegado o fim.
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Poeta pressente. E vive entre o abrir e o fechar de olhos de cada dia. São muitos filmes, todos os dias.

05/09/2013

Travessia

Travessia difícil,
Cruzar no meu rio
Com sua âncora lançada,
Seu medo de naufragar
E sua vontade de afundar-se
Em mim.
Sem querer saber
Se há lugar para aportar
No meu mar de sangue.

Levanta a vela e vai
Com o vento na popa
E desejo nos olhos.
Sem desejos não se vive,
Não se vai
A lugar nenhum.
Travessia é ousadia,
É todo dia.
Autonomia!

04/09/2013

O mal que bem se vê

Vejo violência
Na realidade
Vejo a transcendência
Do mal
Que há no bem
Que não se faz
A ninguém.
É esse mal
Que nos faz gozar,
Achar
Uma saída
Para entrar
Na vida.

03/09/2013

No mato mato (e meto) o medo

No mato vi
Vida.
E os olhos estiveram fechados,
Lado a lado.
Vi medo.
E o dedo
Metido
Nas feridas
Lambidas
Dos lábios seus.
Nos olhos
O dedo meto
Se não me veem.
Mato,
No mato,
O medo que meto.
O mito.
Minto?!

02/09/2013

Prisões refletidas

Seus olhos me fazem
Ver
O que não sei
Ser.

Seus olhos sãos,
Espelhos de minha doença
Autosuficiente.
Autosufocante.
E, no entanto, você nem vê
O que se passa,
O que em si transpassa,
Amor.

01/09/2013

Economia poética de bens simbólicos fora do mercado

Sou apenas um poeta,
Uma projeção criada na mente.
E que mente!
Sou um coadjuvante,
Quem sabe um amante,
Um artista errante:
Sem portos,
Sem postos,
Nem impostos.
Porque se me cobram,
Pago o preço.
E dou o troco.
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Ao escrever esse poemito lembrei-me da música "Tem que acontecer". O Baleiro-caxeiro é um grande poeteiro!
http://www.youtube.com/watch?v=jO5hO3XfyIg