09/11/2013

Não sou o que não quero ser

Não sou mais que um poeta.
E todo o resto é mito,
Tenho dito.
É estória pra quem quiser ouvir,
Pra boi dormir.
Mas quem quiser viver...
Terá que decidir
A que domínio quer servir:
Do bem-querer
Ou do maldizer.
Feche os ouvidos,
Feche os olhos,
Feche a boca...
E abre seu coração.
Até sangrar seu gozo
Mais viscoso,
Derretido da vela
Que você segura
No calor da sua mão,
Impura!
E deixa pingar.
Deixa pingar.
Até ser consumida inteira
Pelo prazer
De brincar com fogo.
E renovada suspende
Sua moral.
Tudo isso é energia.
E tudo o mais é sombra
Da lua em nós.
Volta no próximo ciclo,
Com muita força
De vontade.
E nunca terá fim.
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Foto de um texto do Leminski. Indicação de uma amiga que se foi.