31/05/2011

Fim de semana

Queria apenas que fosse um fim de semana.
Que não fosse data,
Que não fosse nada.
Queria que fosse apenas um fim de semana,
Especial como todos os demais,
Sem nada a mais:
Só nós.
Que nós??
Quantos nós!!
Esse meu fim é ideal.

30/05/2011

Passará

Vai passar,
Passará.
Passarim
Passará.
A voar
Passará.
De vagar,
Passará.
Tudo passa.
Passará.
Saravá
Passará.

29/05/2011

Um momento

Um momento nunca é só um momento,
Um sentimento.
São momentos.
Somados,
Subtraídos,
Cruzados,
Divididos...
Muitos.

Um momento nunca é só um instante,
Paralisante.
Embora possa parecer parado,
Capturado.
É sempre um contexto,
Um pretexto.

Um momento não é só gozar.
É planejar,
Esperar,
Desejar.
E mesmo tanto querendo,
Pode não ser um bom momento.
E sem querer,
Pode ser pra valer.

Um momento pode ser um tormento,
Um lamento.
Ou só um momento.
Só um momento, por favor!
Muitos momentos, meu amor!
Um de cada vez.
Sempre em busca do melhor.
Até a próxima vez!

28/05/2011

Liberdade é sensação

Ah, essa sensação de liberdade!
O sol forte na face pálida,
Os olhos doídos de sono expulsando a remela teimosa com seus piscares involuntários,
A boca exageradamente aberta extravazando o ruído estrondoso da preguiça matinal,
O sorriso de satisfação que se segue quase que automaticamente, instintivamente,
Janelas abertas,
Cortinas abertas,
Olhos abertos,
Corações abertos...
E portas fechadas.
Fechadas por dentro,
Sem nenhum lamento.
Deixando de fora quem não se quer,
Quem se quiser.
Excluindo-se o olhar da rejeição,
Da acusação,
Da memória.
Propondo um novo dia,
Uma nova memória,
Uma outra história.
De dentro pra fora.
A partir daqui,
Onde brota o sentimento,
A sensação.
(Efêmera como toda sensação; gostosa como toda sensação desejada!)
Liberdade!
Liberdade em plena luz do dia.
Eis o novo dia!

27/05/2011

Pessoas e animais

Pessoas comem além do necessário.
Pessoas consomem o desnecessário.
Pessoas precisam trabalhar.
Pessoas gostam de compartilhar.
Pessoas se comunicam mas não se entendem.
Pessoas mentem.
Pessoas se arrependem.
Pessoas são inteligentes.
Eu também sou gente!

26/05/2011

Quero você

Há um contraponto entre o céu e a terra,
Entre o ontem e o amanhã,
O norte e o sul...
No meio de tudo isso,
Estamos nós,
A sós,
Debaixo dos lençóis,
Trocando juras de amor
Com toda afinidade,
Com toda ambiguidade:
- "Quero você!"
- "Quero você também!"

Quero você sem mim.
Pode acreditar,
Será melhor assim!

25/05/2011

Há coisas

Há coisas que penso e não digo.
Há coisas que digo sem pensar.
E arrepender-se nem sempre é solução.

24/05/2011

Lamentação

Entendo seu lamento.
Ele não é só eu;
Ele não é só seu.
Os dias voltarão a ser bons,
Quando voltarem a existir dias:
Por enquanto não os tenho,
Eles não são meus.
E quando forem,
Também serão seus
Dias melhores.
Sem propriedades,
Só prioridades.
E você é minha.

23/05/2011

Chico, poesias, mentiras e paixões

Tenho um livro sobre Chico
E estou querendo te dar.
Quando vens pegar?
Há nele uma poesia nova
Que queria te mostrar.
Esqueça mentiras contadas,
As passadas
E as atuais:
Nossa maior mentira
É vivida de verdade,
De olhos fechados
E sorrisos gargalhados.
Longe dos olhos
E rente ao chão,
Com muita paixão
E pouca razão.

22/05/2011

Cuidado

Hoje não existi.
Hoje não existiu.
E nem sei completamente porque.
E nem sei dizer.
Mas estou confiante de que o sono da noite traga um outro dia.
Um outro eu.
Enquanto isso, não posso sair.
Não quero sair.
Não quero fazer mais mal a mais pessoas.
Ainda mais às queridas.
Minha ausência é um mal menor do que poderia realizar.
Pode acreditar.
Era preciso ser assim.
Marimbondo tem gosto de fogo e nem sempre consigo engolir,
Às vezes preciso cuspir.
Essa é minha fuga;
É minha forma de cuidar.
Perdão!

21/05/2011

Expectativas

Tinha expectativas para esse mês de maio:
Pensei que fossemos para Nova Iorque.
Ou que deixaríamos todos irem pra lá
E ficaríamos olhando o mar,
Que passaríamos horas a gargalhar
E a conversar.
Antes do feitiço acabar.
E quando acabasse, voltaríamos para o nosso lugar.
Até a próxima vez;
Com toda polidez.

Tenho expectativas para maio do ano que vem...

20/05/2011

Confusão

Ainda vejo muita confusão.
Mas respeito sua desorientação.
Valorizo-a.
Só não queira tomar decisão.
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"There's too much confusion/I can't get no relief" (Bob Dylan em 'All along the watchtower')

19/05/2011

Posso tudo sem você

Posso desejar quem quiser.
Posso desejar não querer.
Posso desejar sem saber.
Posso desejar ser você.
Posso desejar sem parar.
Posso desejar sem tentar.
Mas posso desejar realizar.
E posso trabalhar pra executar
Meus desejos,
Sem você.

18/05/2011

Abrigo

Ai, nãooooooooo!
Por favor,
Deixe-me em paz!
Não aguento mais!
Se procuro abrigo
Não é no seu umbigo.
Quero mais que você.
Quero mais é saber.
E pra saber tenho que explorar,
Tenho que arriscar.
E se nunca encontrar,
Terei tentado,
Terei vivido,
Terá bastado!

17/05/2011

Apetite

Como o sol, a chuva, o trovão e você
Não há
Como saber,
Entender.
Só viver
Com você,
Como você.
E quando me farto,
Parto.
Sem saber de onde,
Sem saber pra onde,
Nem quem encontrar,
Só pra desgastar.

16/05/2011

Há um outro entre nós

Há um outro entre nós.
E ele é insuperável,
Infalível,
Programável.
Há um outro entre nós.
E você nem me olha mais.
E a distância não é sentida mais.
Vejo que nele você encontra o que quer.
Vejo que com ele você faz o que quer,
Sem precisar de mim.
E eu, de tanto ser preterido,
Já nem ligo mais.
Fui deixado de lado,
Desprezado,
Descartado.
E não sei onde vou parar.
-*/-*/-*/-*/-*/-*/-*/-*/-*/-*/-*/-*/-*/-*/-*/
Nas salas de aula os computadores já estão em quase todas as carteiras. Esses dias, numa aula, sentí-me extremamente contrangido (e depois desmotivado) por ter de pedir aos alunos para olharem pra mim um pouco. Os alunos ficam vidrados em seus notebooks e tenho a impressão de estar falando para as paredes. Qual o papel da sala de aula hoje? Essa pergunta tem um alcance maior, refletir sobre os papéis de professor e aluno também.

15/05/2011

Sala de espera

Essa minha vida poética,
Poiética,
Patética,
Anti-ética
E estética,
Espera seu fim
Para começo de conversa.

E a pessoa que espera sentada
Fica entediada,
Desanimada,
Sonolenta
E desatenta.

Até que alguém a desperta,
A chama,
Que queima sem arder
E move os impulsos apaixonados da razão,
Os projetos racionais do coração.
Sem noção
E nenhuma direção.
Sem lugar pra se encontrar.

14/05/2011

Sonho de liberdade

O sonho é uma quimera:
Ah, quem me dera!
A liberdade é uma crença.
E que ela vença!

A crença é uma quimera
E a liberdade é um sonho:
Tudo se equivale nesse baile!

13/05/2011

Cai e levanta

Descida íngrime.
Decida, Ingrid!
Desce ou fica?
Não complica.
Só há um caminho;
Só esse carinho;
Só nesse cantinho.
E você ainda quer se importar,
Quer se emporcalhar...
Não há espaços para sentimentalismos.
Esqueça e desça,
Sem olhar pra baixo,
Sem olhar pra trás.
Feche os olhos e cai.
Quando o chão chegar
Ele a avisará.
E seu sorriso não será mais o mesmo.

12/05/2011

Não sou seu analisando

Não autorizo sua análise de mim por aqui. Me deixa em paz! Não sou o que você quer. Embora possa ser pra você o que vê.
Poesia não tem zelo, não tem medo, não tem paciência, nem coerência, nem eira, nem beira. Poesia é nada. E dá sentido a tudo.
Vai atrás do seu sentido e me deixa em paz. Não quero ser limitado, analisado. Toda análise é também uma delimitação, uma marcação. E de controle já estou cheio. E, se pretende o mesmo, também de você.

11/05/2011

Equilibrando angústias e soluções.

Tenho muitas poesias escondidas em algum lugar, sem me interessar em publicar, sem achar o que me diz, nem procurar saber o que condiz.
Tenho quilos de poesias sem publicar, em algum lugar, esperando o beija-mão para publicar, esperando encontrar alguém que se disponha a ler, que queira encarar.
Tenho toneladas de palavras espalhadas pela casa, baguçando meu lugar, prejudicando meu bem-estar, e pilhas de páginas escritas por aí.
Tenho todas as poesias que se possa imaginar. E não consigo parar. Estão todas aqui: na minha cabeça (de vento), escritas na minha testa (de ferro), estão na minha cara (de pau)!
Olhe pra mim e você verá.

10/05/2011

Lealdade

Nunca fui leal
Sempre achei que fosse coisa de animal:
Que graça tem deixar a coisa assentar sem nem mesmo chacoalhar?
Toda mansidão é poeira deitada no fundo do pote,
Esperando alguém balançar,
Esperando alguém misturar.
E o fetiche está em esperar,
Em expectar.
E faço o que me compete,
Isso me compromete.

09/05/2011

Quando a gente leva um tombo sente mais que a dor

Você é muito mais importante pra mim
Do que fui pra você.
E não me interessa que seja diferente!
Ainda estou todo machucado,
Mas quero acreditar que foi por meu bem.
Fora isso não sei
O que se pode fazer sem perder,
Sem arriscar perder o risco do bom tino.
Porque ganhar sem perder
É não se ver.
Só quem cai olha a ferida,
Só quem cai tem uma querida.

É preciso se deixar cair
Pra ver as coisas de outro lugar,
Pra ver tudo fora do lugar,
Fora do lugar que quiseram acreditar,
Que nos deixamos colocar,
Pra entender que não existe nada perfeito,
Nem nós.
E que nada passa do chão.
Por isso, não devemos abrir mão da proteção:
Você me protege a mim
E eu lambo seu chão.

08/05/2011

Faça amor, não faça guerra!

Muitos querem saber como podemos ser felizes em meio a tantos conflitos de interesses nas relações humanas? A resposta poderia se desdobrar em inúmeras análises. Mas como sou sucinto, como sou reducionista, minimalista, prefiro dizer só o que já sei. E abandonar o que idealizei.
Na guerra não há espaço para o amor. Mas o amor só se realiza em meio a guerra. Ele floresce na secura da alma, ele se dá sem equilíbrio, em meio aos conflitos. O amor destrói as barricadas construídas para proteger e atacar. O amor implode o sentido da guerra e nos torna vulneráveis. E quem resiste ao poder do amor produz a guerra, que começa dentro de si e se desdobra por aí. Até chegar aqui. E aí, voltamos ao começo: na guerra não há espaço para o amor.
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A expressão "faça amor, não faça guerra!" foi cunhada nos Estados Unidos, nos anos 1960, em meio a resistência à guerra do Vietnã e à expansão da cultura hippie. Os maiores difusores dessa idéia foram Yoko Ono e John Lennon. A atual crise das instituições sociais tem produzido uma releitura desse ideário hippie, embora com uma roupagem mais niilista e consumista. Ao lado, foto do casal Lennon-Ono que foi capa polêmica da revista Rolling Stone, de dezembro de 1980.

07/05/2011

Metáforas

Gosto de metáforas,
De diásporas
E catástrofes.
Elas são meu fim,
Meu caos:
Indecifráveis,
Inexoráveis
E inacreditáveis.
E crio todas elas.
E caio em todas elas.
ҨҨҨҨҨҨҨҨҨҨҨҨҨҨҨҨҨҨҨҨҨҨҨҨҨҨҨҨҨҨҨҨ
Imagem: "Allusive Metaphors III", de Florence Putterman.

06/05/2011

Não vou parar

Vou confessar:
Não vou parar.
Não vou conseguir;
Não vou consentir.
Mas também não vou partir.
Vou continuar,
Sem nunca me encontrar.
Pra viver as muitas vidas,
Com muitas vidas.
Pra me tornar imortal,
Surreal.
Pra ser amado,
Desejado
E esquartejado.
Vou viver sem plano,
Vou entrar pelo cano,
Morrer aos poucos,
Viver como os loucos.
Se no fim vamos todos para o mesmo lugar,
Vai ter briga pra me levar!
Não vou correr o risco do esquecimento,
Que se dá ao excesso de consentimento.
E por falar em sentimento,
Em nenhum momento vou deixar de me envolver,
De devolver
O que recebo sem merecer.
E me dou pra não esquecer
O que é viver.
(E pra não ser esquecido)
Esquisito?
É o que digo:
Melhor se adaptar,
Se quiser continuar.

05/05/2011

Limite!

Não gosto das limitações.
Nem da falta que elas me fazem.
Sem limites não há subversão,
Não há desordens,
Nem crimes.
Nem castigos.
E eu seria...
Mais infeliz!
..............................
Garfite de 'Osgemeos' com frase de Bob Marley

04/05/2011

Nunca serei

Sei que nunca serei
Que nunca serei além
Nunca serei além do que você
Nunca serei além do que você fizer de mim.
E com você também será assim.
Dá-me o prazer.
Dá-me o prazer de ser pra você,
De ser com você.

03/05/2011

Inspirações poéticas

Não faço poesia
À luz do dia,
Sem hipocrisia
E mais-valia.

02/05/2011

Corpo como suporte da dor

Vejo seus ombros arreados,
Seus braços inchados,
Sua pele queimada,
Sua alma cansada,
Seu semblante derrubado,
Seu corpo arqueado...
E penso no peso que suporta,
Na lida que o entorta.
Sem recompensa,
Sem pertença.
__________________
Homenagem à dor suportada (sem escolha) pela classe trabalhadora empobrecida brasileira. O corpo expressa a condição de sua própria classe. Na foto: carvoeiros do Vale do Jequitinhonha.

01/05/2011

De repente viver

Bem, de repente, é sorte grande.
Bem de repente é sorte grande.
É embolada marcada,
É fala ritmada.
De repente se vive,
Sem querer.
Bem de repente
É sobreviver,
Viver na arte
Na arte de enganar a vida,
A fome,
O medo.
Na arte de enganar os sentidos,
De criar novos sentidos.
Sem nem saber,
Sem nem escrever.
Vendo tudo se perder.
Vende tudo pra viver
E leva nas pontas dos dedos
Uma vida inteira,
Uma família inteira,
Uma cultura inteira.
E leva na ponta da língua
O que não sabe explicar,
Porquê a necessidade faz o sapo pular
Na panela vazia.
E engole sapo pra matar a fome,
Pra não morrer de fome,
Pra não ter fome de matar.
Na sua vida tudo acontece numa fração:
Um meio de viver,
Um quarto de dormir,
Um sexto de abacaxi...
E aprende a descascar
Pra não morrer.
E aprende a viver
E resistir.
Pois tudo na sua vida acontece sem razão:
Seca,
Sinhô,
Coroné,
Fé,

E amor.
Desilusão,
Expulsão
E ganha-pão.
Desafiando toda razão,
Com toda emoção,
Vai vivendo de repente,
Sonhando em um dia ser gente.
Como as que vê frente a frente
Na TV,
Se é que vê.
Bem de repente é sorte grande!
E o azar é a morte.
Por isso, vive na sorte.
Vive de doação:
Doa mais do que recebe,
Ensina mais que aprende.
Ensina a poesia da vida,
A tirar da dureza
Sua bravura,
Sua fartura.
Farto de esperar
Põe-se a caminhar.
E de repente começa a viver.
Deixando no caminho
As marcas do viver,
A cultura de refletir
Sem pensar,
Sem parar.
E aprende com a vida a zombar.
E zomba da vida (da sorte) até se fartar.
Essa é sua sorte,
Cantar.
ӃӅҰҲҞҘҸҥҦҩӋӃӅҰҲҞҘҸҥҦҩӋӃӅҰҲҞҘҸҥҦҩӋӃӅҰҲҞҘҸҥҦҩӋ
O repente é nossa cultura de resistência política, de enfrentamento das adversidades da vida. Essa poesia é uma homenagem ao nosso folk e a todos esses anônimos artistas que de repente vivem. Que repartem a riqueza que trazem, sem saber que as tem. E que não conhecem a justiça, são fustigados e enganados: dão mais do que recebem. Salve todas as recriações possíveis do repente! No fanqui, no panqui, no répi, no mangui, no roqui, no pópi... Abrasileirando tudo que toca bem aqui, no fundo da caixa de bater, no marcapasso da caminhada. Viva!