24/08/2011

Condição intelectual (ou nômade)

Essa minha condição,
É mera condição
De ser,
Intelectual vazio
E cheio de si.
Caminhante,
Buscando chegar
Em nenhum lugar.
Se alguém pode ser assim,
Que seja eu
Eu mesmo.
Ou melhor,
Nós,
Que usamos a razão contra nós.
E nos desvencilhamos da segurança que há na moral
Em nome de uma tal de liberdade.
E voltamos a vagar,
A caçar e...
A experimentar.
Ah, experimentar!...
É o melhor dessa condição!
Que delícia achar o gozo na prova,
Na lambida,
Na chibata.
Andar na corda
Sem dar corda,
Sem condão de salvação,
Sem rede de proteção.
Uso a rede

Para matar
E comer.
Para encontrar você.

Das misérias da alma se constroem as virtudes da vida:
Segurança,
Prova da razão instrumental de ser...
Temente.
E por temer cria,
O que enxerga;
Crê
No que se vê.
Mas nunca se vê,
Porque está imobilizado no mirante de deus.
Pequeno mesmo,
Como se vê.
Mas pra gente se ver
É preciso caminhar,
Sentir a brisa no bolso
E o vento na cara
E na coragem
De se perder,
Que é o preço que se paga
Quando se é...
Nômade.
Essa minha condição
É mera condição,
Sem nenhuma condição
De ser.
Agora, preciso ir.