22/07/2011

Vou escrevendo... E vivendo.

Vou escrevendo tudo o que quero (e o que não quero) de uma tacada só, de uma penada só. Sem pena, nem dó.
Vou escrevendo na velocidade que vou vivendo (talvez mais devagar) de vagar.
Vou escrevendo sem escolher as palavras (elas me escolhem), nem os sentidos que quero dar. E até sem sentidos quero dar. Como as palavras não são minhas, não posso segurá-las. Os sentidos são (em parte) meus, porque também são seus.
Vou escrevendo e buscando finalizar. Mas a dificuldade que tenho pra começar só não é maior que a dificuldade pra terminar. Porque depois do ponto há sempre um espaço em branco, pedindo pra ser preenchido, completado, rabiscado, repontuado.
Vou escrevendo pra frente sem voltar atrás. Sem querer voltar atrás, sem querer que fique nada para trás. Sem reler, nem reviver.
Vou escrevendo parado num mesmo lugar, mas sentindo o movimento me arrastar: tudo gira a minha volta sem me dar a opção da volta, sem me dar a opção de volta.
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Imagem: Escultura de Giacometti, "o homem que marcha sobre a prancha"
Escrito em Serro/MG, em abril de 2011.