07/03/2011

Caranguejo-leão

Sou caranguejo que ruge.
Sou fraco e assutador.
Tudo ao mesmo tempo,
Tenho a sensibilidade da arte
E a força da classe.
Venho de baixo
Da terra.
E sempre fujo pra lá.
Mas meu meio é o mar.
Minha fraqueza é o mar,
Apesar de assustar.
Minha fraqueza é maior,
Minha franqueza, menor.
E não assusto tanto quanto gostaria.
Por isso, fugir se torna mais forte que rugir.
Fingir é um modo de fugir.
E não resolvo nada,
Não tenho força.
E me envolvo todo,
Sem saber parar,
Como que levado pelas ondas do mar.
O lamaçal é minha casa.
Lá é meu lugar.
E levo tudo pra lá.
Guardo tudo comigo.
Não pra colecionar,
Mas pra me sentir seguro.
Afinal, vivo só.
Lá eu me alimento,
Me escondo
E morro.
Quando os catadores vêm,
Viro comida rara,
Comida cara.
E se não sou logo comido,
Estrago,
Azedo,
Apodreço.
E se perde o melhor de mim,
Minha carne,
Minha maldade
(Que é minha puã)
E minha sensibilidade.
.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.
Texto poético em que brinco com meu signo (câncer) e ascendente (leão), fundindo-os num animal novo (caranguejo-leão) que traz em si um pouco dos meus próprios modos de vida, que expressam também meus maiores defeitos. Pra quem quiser fazer meu mapa astral, nasci às 8h20 do dia 29/06/74. Boa sorte!