07/12/2010

Uma breve história de... duas pessoas juntas

Essa é a história de Norberto e Santinha. E por se tratar da história dos dois, vamos evitar falar de cada um em particular. Essa história pode ser parecida com milhares de outras que estão sendo produzidas por aí.
Eles já se conheciam. Ou parecia. Havia temor e respeito entre eles. O temor se foi. O respeito continuou vivo. Um já esperava o outro, mas não sabiam. Idealizavam coisas parecidas e encontraram um no outro a materialização de suas projeções.
Apesar de se encontrarem e se encaixarem bem, percebiam que a distância que os separava, também os levava além: tentaram a surdina, mas não foi suficiente. Tentaram a visibilidade, mas não ficaram a vontade. Resolveram, então, terminar e suportar a dor que iria começar.
Seguraram por um bom tempo, sempre remoendo. Até que o fim da angústia chegou. E veio num lamentoso torpedo, que nem sei quem mandou: "Sds". Foi o que precisavam para a guerra recomeçar, para os torpedos começarem a bombardear, de lado a lado. E o coração dos dois, que já andava frustrado e magoado, começou a se quebrar.
Foram anos esperando, sem nenhum retorno, sem nenhum momento em que seus pensamentos não estivessem um no outro. Mesmo em meio à labuta, ambos pensavam em como poderia ter sido a luta conjunta. Agora já era tarde, mas resolveram tentar. Cada dia uma dificuldade, cada dia uma felicidade. E no fim das contas, quando nem se deram conta, já estavam juntos há trinta anos, três anos, três meses, sei lá. O que importa é não sentir o tempo passar. Porque o que se faz sem peso é feito com desejo, é feito com ardor, efeito do amor.
No dia do aniversário de namoro ele recebeu um torpedo dela: "Parabéns, meu nego, por chegarmos até aqui. Nunca me senti tão bem com alguém como me sinto com vc. Parece que fui feita para ficar abraçada com vc!" Após ler a mensagem, ele deu um sorriso, levantou a cabeça com os olhos abertos para os céus, como quem agradecesse a Deus pelo amor da amada, e gritou o nome dela bem alto, esquecendo onde estava. Os pedestres o olharam com curiosidade, achando que se tratava de alguma insanidade. Ele se recompôs e pôs-se a responder: "obrigado vc, por ser vc. T amo!"
Mais tarde, naquele mesmo dia, aconteceu o que não se queria: eles discutiram. Mas descobriram que o conflito faz parte da vida, que toda relação entre iguais é assim. E aprenderam também que não se deve dormir sem se redimir. E lá se foi mais um torpedo: "você tem toda razão. Sorry, baby. Continuo t amando". Antes mesmo do dia acabar recebeu sua mensagem mais espetacular: "Na verdade vc q tem sempre razão...e acho q mesmo se não tivesse eu t amaria! bj, meu nego".
E foi assim, em meio ao bombardeio de torpedo, que o amor recomeçou e se intensificou. Como terminou? Igual a todo fim, com um ponto final.
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Mais importante que idealizar é realizar. Realizar-se na (e com a) outra pessoa, na primeira pessoa do plural. Não gosto de finais felizes porque são muito excepcionais. Gosto de meios felizes. Meios inteiramente felizes, mesmo em meio aos deslizes.