21/12/2010

Três erres: reconhecimento-ruptura-renovação (versão editada)

Hoje quero pedir licença aos meus quatro leitores assíduos para falar de mim. Sei que falar de si mesmo é meio narcísico, mas preciso me desconstruir urgentemente, paulatinamente. E vou usar vocês para fazer uma análise (uma auto-análise) e desencadear algumas mudanças. Finjo que me ouvem (que me lêem) e essa imaginação é suficiente para me fazer crer que vocês compreendem o que digo e me apoiam nas mudanças pretendidas e necessárias.
Tenho publicado nesse blog análises sociológicas e reflexões poéticas (ou seriam análises poéticas e reflexões sociológicas?) a partir de minhas próprias experiências e crises existenciais, afetivas, profissionais, econômicas... Como não gosto muito de compartimentalizar a vida (o que não significa que nunca o faça) evito estabelecer um dilema existencial só no âmbito da intimidade, ou um problema profissional só no âmbito do trabalho, ou mesmo uma crise afetiva só no âmbito da conjugalidade, como se esses distintos âmbitos (e outros tantos) não estivessem interligados, trocando influências entre si. Entendo a vida como uma integralidade multifacetada (complexa) e cambiável: somos um todo com múltiplas caras e em constante mudança (nem sempre pra melhor).
Tenho tentado, embora esteja sendo difícil/doloroso (pra mim e para os meus chegados), fazer a ruptura com algumas concepções arraigadas a partir de minha própria trajetória. E é claro que não quero jogar tudo fora, mas algumas coisas eu preciso e quero mudar, sob pena de auto-flagelo e auto-degeneração. Por exemplo, preciso mudar a auto-censura que me imponho na manifestação de minhas idéias e o auto-controle de minhas ações, que levam sempre em consideração o outro antes de mim mesmo.
Disse anteriormente que tenho publicado análises e reflexões nesse blog. Mas, ainda há em mim uma auto-censura moral-religiosa-materna que me impede de publicar tudo que escrevo. E isso tem me atormentado. Então, depois de tudo que escrevi até aqui, encerro, de forma seca, dizendo que tenho escrito também poesias eróticas que passo também a publicar a partir de amanhã, tirando de mim o pudor e passando pra vocês. Até!
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Escrever um texto para avisar que minha publicação vai mudar (independentemente se pra melhor ou pior) demonstra bem a moral que ainda carrego, de preocupação excessiva com o outro (mesmo que esse outro seja indefinido). Para se ter uma idéia, a primeira versão final desse texto ficou com o dobro do tamanho, mas resolvi cortar (embora não tenha jogado fora) uma parte grande em que reconstituia criticamente minha própria trajetória. Não tive coragem de publicar o texto na íntegra com medo de magoar pessoas queridas, que é uma forma de auto-proteção.