01/12/2010

Dicão

Essa é para meu amigo Dicão, que não me conhece, mas que considero um irmão. O que preciso falar aqui não é ilusão, embora possa parecer ficção. São duas realidades buscando a verdade, sedentas por afinidade. A história de Dicão começa lá atrás, quando conheceu alguém que lhe tirou a paz. Alguém que não se faz. Uma raridade que se tornou uma beldade. Um lindo projeto de mulher, que ficou melhor. Ela ainda é, uma linda mulher. Mas, voltemos a Dicão, que ficou algumas vezes com aquela beleza até que se separaram com frieza. Não se viam com frequência, mas tinham alguma convivência. Dicão tocava sua vida e, de repente, recebeu aquela visita. Cheia de amor pra dar. Tanto amor que consigou engravidar. Depois que engravidou, ela o abandonou. E voltou pra sua casa, voltou pra onde estava. Mas nada mais era como deixara. E pagou caro por sua maneira ousada. Dicão ficou atordoado, pior do que era encontrado. Com o filho roubado e o coração destroçado. Se perguntarem pra ele como tudo aconteceu, não saberá dizer como se sucedeu. Foi tudo muito rápido, como o efeito de um ácido. E ele que costumava usar drogra nunca tinha experimentado antes uma onda assim, sem fim. Mas quer saber de uma coisa, não tenho pena de Dicão, que sofreu o quanto fez sofrer. E recebeu o que estava a merecer. Ele é atlético, enérgico e acéfalo. Estava com a cabeça onde não devia, onde não se via. E pagou pelo que fez, pelo que nem fez. E ela leva mais uma bola de ferro nos pés. E um bebê nos braços. E ninguém a quer.
Final duplamente infeliz, como se quis.