02/10/2010

Imagem imaginada

Não acredite em tudo que vê.
Sou uma projeção da sua cabeça.
Sou sua esquizofrenia crônica,
Produto de sua apaixonite cômica:
Uma miragem
Ou uma assombração.
Enfim, uma alucinação.
Não existo senão como um modelo idealizado.
Não sou real.
Sou uma imagem imaginada por você.
Sou um ideal inatingível,
Inalcançável,
Irreconhecível,
Impossível.
Um não-lugar.
Não porque eu seja demais;
Não porque você seja de menos.
Mas porque, como todo ideal,
Sou uma ficção.
Não existo.
Não sem você:
Você que me dá vida.
Você que me inventou.
E me realiza a cada vez que me vê.
E não sei se realizo você,
E nem sei se quero saber.
Mas sei que o modo como me vê,
Me faz viver.

Não acredite em tudo que vê.
Embora a culpa não caia sobre você.
Talvez seja um trauma na alma:
Uma carência
Ou uma ausência.
Talvez seja ingenuidade
Ou coragem.
Talvez você precise de ajuda.
(E eu também)
Talvez você precise de óculos.
Ou de ósculos.
Tenho tudo aqui.