16/09/2010

Máscaras e rótulos

Essa visão que você tem de mim não é estranha. Outras pessoas também tiveram. Outras tem. (A ingenuidade não está só em você). Mas as dificuldades da vida me ensinaram a não confiar nas máscaras: nem nas minhas nem nas atribuídas. Sou cauteloso comigo mesmo. Mas confio em você. E se você me vê assim, guardo sua consideração na minha pasta azul. E continuo a viver. Só. Sem culpa nem temor. Não há nada que substitua uma caminhada na praia, um filme despretensioso no cinema ou um bate-papo descontraído sobre idéias e artes. Mas em nada disso dispenso sua companhia. Um bom sociólogo não consegue viver só. Nem eu. Nos rótulos me interessam apenas as datas de validade. (Embora às vezes esqueça de observá-las e passe mal). Nem a indicação da origem me desestimula de experimentar. Pois o melhor vinho é aquele que a gente gosta. E se a gente não gosta, não gosta mesmo. A gente se afasta. Só Bourdieu discute gosto. Eu não, prefiro discutir idéias, possibilidades, vontades e dramas. E você.
.........................................................
Esse rodapé é para explicar que esse post foi escrito para uma reflexão sobre as críticas classificatórias que tenho recebido de alguns alunos, que tentam me classificar para melhor me entender. Fujo da aceitação dos rótulos, dos títulos, dos enquadramentos, porque tendo a considerá-los castradores, camisas de força. Eles me impedem de tentar ser outra coisa, de mudar. Gosto de classificações mais gerais: sou gente, sou esforçado, sou poeta. E não faria nada disso sem paixão.