01/07/2010

Sobre o hábito de escrever

Viver é inspirador, é matéria-prima da poesia. Não consigo experimentar sem pensar sobre, sem escrever algo. Escrevo todo dia porque vivo todo dia, experimento todo dia, e isso me faz respirar. Por aí você já imagina o volume de coisas que guardo. Fica tudo aqui, escrito em mim. Às vezes jogado num canto, às vezes bem arquivado. Mas raramente passo a limpo o que escrevo, pra manter a expontaneidade e o improviso. E não publico tudo o que escrevo, só o que me faz pensar. E o que me faz pensar vai além de mim, é o que não consigo controlar, a interrogação. A seleção para publicação é feita em cada momento, e repeito cada um desses tempos. E rio, depois, de cada um deles. E me alegro de todos eles. Apesar de tanto escrever há pouquíssimos papéis aqui, porque sempre escrevo primeiro na cabeça, fico pensando no texto o dia inteiro. (E às vezes dias e semanas). O tamanho do texto sempre varia, como os temas, para nossa alegria (ou infelicidade). Mas escrever é todo dia. É um hábito que se cria. No meu caso, vem das cartas, de conviver com quem as escrevia e de escreve-las também. Desde muito cedo. Numa época em que correio ainda existia. Acho que ainda continuo escrevendo cartas, só que agora abertas. Mas mantenho o tom intimista, particularista. Se há um segredo na escrita é que a fonte de inspiração é a vida, sempre vivida intensamente no cotidiano. Agora vou parar, pois preciso viver esse dia.