22/05/2010

Até!

Um dia eu vou embora
E levo você comigo.
E deixo pra você
Um pouco de mim.
Mas temo que tenha mais de você aqui
Que de mim aí.
Acho que foi tudo rápido demais,
Que foi injusto demais:
Que não consegui retribuir
O que consegui.
Acho que foi melhor pra mim.

Já lhe agradeci,
Mas preferia repetir.
Eu lamento ter que ir,
Mas prometo sempre estar aqui.
Venha quando puder.
Busque-me se quiser.
E pense que escrevi pra você.
Que escrevo pensando em você.
Mas sem exageros,
Sem atropelos.
Tudo isso é só pra você.
Só você.
Só.

Vou olhar o mar de perto,
Mas não sei ao certo
Se vou deixar de pensar em quão melhor poderia ter sido,
Em todo o tempo perdido
Sem estar com você.
E espero que um dia eu volte.
Um dia.
Só um dia.
E nada mais.
Só com você.
Aqui.
E nada mais.

Esse não é um adeus.
Mas um até.
Um até breve.
Ou nem tão breve assim.
Um até logo.
Ou nem tão logo assim.
Até!
Saudades!
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As motivações poéticas quase nunca interessam. As motivações não interessam. E quando interessam nem sempre são conhecidas. Não são conhecidas porque não podem ser. Ou porque não querem ser. Mas quem quer conhecer pode se aproximar. Pode perguntar. Pode tocar. Experimentar. Ou simplesmente observar. Esse conhecimento empírico, experimentado, entra em cada um. Sem dó. O objeto (de conhecimento) no sujeito (do conhecimento). E o sujeito no objeto. Para sempre. Enquanto houver forças para virar as folhinhas do calendário. Enquanto houver memória sobre as folhinhas arrancadas. Sou sujeito querendo ser objeto. Sem sujeição. Quero ser conhecido por você, que é quem me interessa. Que é por quem eu penso e pra quem escrevo. Sou objeto querendo ser sujeito. Sem objetividade. Quero conhecer você, se é que você me permite. Se é que você me entende. Até!