29/03/2010

Sei lá

As nossas experiências
Não são de ninguém.
Mas não há criatividade que resista
A uma falta de vontade.
Já vi de tudo:
De fada a bruxa;
De sereia a bicho-papão.
Mas o que se espera, não.

Sei de tudo um pouco;
Sei de nada não.
Na presunção de saber
Sempre enfio os pés pelas mãos.
Mas a cabeça...
Continua fora do lugar.
E deve assim continuar.
Mas a gente supera a falta
E o excesso nunca é em vão.
A vida vai caminhando,
O cheiro se acabando
E a memória se apagando.
Aí está a graça
Para quem faz tudo na raça.
Para quem acha que um caso
Pode não ser um acaso.
Para quem vê as experiências
Como um tempo passado,
Que já foi presente
E hoje está ausente;
Que se esquece um dia,
Como um filme que não se viu.

Atravessamos pontes,
Mas não chegamos a lugar nenhum.
O resultado é essa distância
Que nos separa:
Pra lá,
E pra cá.
Andamos em círculos
E não descobrimos os propósitos.
Talvez não tenha mesmo;
Talvez seja a esmo.
Mas bem que tentei dar sentido
Ao incompreendido.
E não podem me acusar
De não querer.
Não devemos esquecer
O risco que corremos todos os dias,
As marcas no corpo
E a saudade do outro.
Mas temos que circular,
Para não congelar.
Certos de que valeu a pena,
Que a vida não é como no cinema;
De que a sorte pode estar
Em outro lugar.

Eu escrevo à vontade pois
Só você me entende.
Poderia insistir e ir além,
Mas pra quê prolongar
Quando se está aquém?
Mas uma coisa tem de ser dita:
O risco da morte é o risco da vida,
E é aí que se renova a esperança.
E ponto final.
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Não vai chorar, hein? Só faltava essa! Agora chega. AFPRS é do contrário. Fui!