04/03/2010

Perícia

Espreme tua cara contra o muro
E observe o caldo que escorre no chão,
Se é que se pode.
Logo, logo as formigas chegarão,
Fazendo barulho e mexendo a mão.

Analisa as marcas deixadas no rumo
E a freada pintada sem rascunho.

Descobre o que já se sabe,
Busca aquilo que não cabe.
E grita alto com toda voz:
O motorista é o algoz!

Realiza o olhar matemático da técnica,
Que não vê nada além de medida,
Que não dimensiona a vida tornada hermética.

Traz os cones e para a vida,
Passa a fita e mata a rima.

Recolhe a morte e
Sela a sorte.
Faz sua parte e
Traz a parte.
Embala a carne e
Joga atrás.
E espera alguém reclamar assaz.

Para o perito,
A vida é o limite da morte.
Ávida morte!
Lânguida sorte.

Para a ciência,
Diminua a distância,
Aproxima a condolência e
Afasta a arrogância.