09/03/2010

Cego guiando cegos

Sigo desorientado com tantas orientações. Vou da ditadura militar argentina ao sistema prisional brasileiro, passando pelas salas de aula, a atividade profissional do magistrado, a defensoria pública paranaense e a linguagem jurídica, entre outros temas que tenho orientado. Sinto-me um cego guiando outros, tamanha distância que os alunos de direito tem da sociologia e antropologia. Sinto-me um cego guiando outros, tamanha falta de tempo para eu estudar e pesquisar. Mas como acho que não sou o único a sofrer com a falta de tempo, sigo conduzindo cegos. E o pior é que tenho a impressão de estar fazendo um bom trabalho. Vejo, pelos resultados, que sei o que estou fazendo. E chego a duas conclusões: 1) de que sou um cego disciplinado/experiente, que aprendeu onde estão as coisas importantes; 2) de que os outros cegos são mais competentes que eu, porque aprendem rápido a caminhar com as próprias pernas. E ambas são verdadeiras. Tenho me esforçado para dar conta de orientar adequadamente os que confiam a mim essa tarefa tão grandiosa. Nem sempre consigo. E aos prejudicados por mim, peço perdão. Mas há os que perseveram. E os resultados tem sido bastante satisfatórios. E essa satisfação é o retorno alcançado ao esforço quase desumano que tenho empreendido de gerir tantas vidas (as dos outros e as minhas). Vamos juntos! Obrigado, meus orientandos!