26/03/2007

A música nos Direitos Civis americanos


A música é utilizada como meio para protestar há muito tempo. Várias músicas marcaram gerações distintas, com refrões chamando a posicionamentos políticos ou denunciando problemas sociais. Ou com estrofes inteiras de apelo à mobilização social contra determinados fenômenos sociais ou governos. Resolvemos destacar alguns dos grandes "hinos" da música de protesto que marcaram a campanha dos Direitos Civis nos Estados Unidos.
Bob Dylan lançou, em 1964, o disco "The Times They Are a-Changin'" e a canção título foi tomada como manifestação de esperança nas transformações na sociedade racista americana. Todos cantavam "os tempos estão mudando" do refrãozinho pegajoso da música. Outra música de Dylan que pode ser considerada um hino político é "Mr. Tambourine Man", ao pé da letra, algo como "senhor pandeiro" ou "homem-pandeiro", numa referência à reação de violência do governo americano contra os ativistas políticos que lutavam pelo fim do racismo no país. A música saiu no álbum "Bringing it all back home", de 1965, e logo tomou as ruas americanas.
Outra música importante no movimento dos Direitos Civis americanos foi "If I Had a Hammer", de autoria de Pete Seeger, mas que fez sucesso na voz do trio Peter, Paul e Mary, que cantou a canção para milhares de pessoas na famosa "Marcha sobre Washington por trabalho e liberdade" (foto), em que Martin Luther King fez o seu famoso discurso "Eu tenho um sonho". A música dizia que se "eu tivesse um martelo" bateria o martelo da justiça e os sinos da liberdade. Virou uma canção de protesto e tanto naquele momento histórico.
Se Pete Seeger, com sua composição lançou o trio Peter, Paul e Mary ao estrelato, "If I had a hammer" não foi a única música de Seeger que se tornou hino do movimento pelos Direitos Civis americanos. "We Shall Overcome" foi considerado o hino propriamente dito do movimento. Seeger mudou a letra de uma antiga melodia religiosa americana do início do século XX criando frases como "nós superaremos", "nós andaremos de mãos dadas", "nós viveremos em paz", nós seremos todos livres", "nós não temeremos" e "nós superaremos, um dia". Nem precisa dizer que este apelo musical caiu no gosto de uma sociedade fraturada pelo racismo e que ansiava por mudanças imediatas.
José Murilo de Carvalho vai dizer que os Direitos Civis no Brasil ainda não se consolidaram, que só agora estamos começando a discutir sobre isso. Quem sabe as músicas de protesto não poderiam dar um empurrãozinho neste processo? Exemplo para isso temos.