06/02/2007

Sobre homens e animais


Ontem quando falei de humanização, constatando que ainda existe um sentido humanista na sociedade, com escassez mas existe, pensei no que caracterizaria o homem como humano, e não como animal. Entre alguns fatores, o uso da razão, da racionalidade e do poder de escolha. Os homens são também racionais e os animais, instintivos. Mas já repararam que há uma certa tendência em transformar os animais em sujeitos?
Ontem passei por um canal de TV específico sobre animais e o título do programa era "Matar ou morrer", e o narradaor mostrava as interações entre os animais em seu bioma natural, ressaltando a cadeia alimentar: um animal que é predador do outro é também presa de outro. Ora mas isso é instintivo, é da lei da natureza. Isso não é racional, nem pode ser chamado de assassinato. Homicídio é um fenômeno socio-jurídico. Atribuir aos animais características humanas como violência, vingança, frieza etc., como fazia o narrador, é no mínimo estranho.
O ser humano é o único ser vivo que consegue viver em sociedade sem se auto-destruir. Ou pelo menos, deveria ser, porque nós somos seres racionais e morais. Freud afirma que a cultura foi o meio encontrado pelos humanos para auto-preservação da espécie.
Quero dizer, com tudo isso, que aproximar o "comportamento" animal com o humano parece uma ideologia que serve para justificar a violência entre nós. É como se nós ficássemos mais confortáveis com a violência cotidiana ao saber que os animais também são violentos, que é da natureza dos seres vivos. Como se todo ser vivo fosse só instinto, como se não fossemos diferentes dos bichos. Talvez venha faltando mesmo a razão ao bicho-homem.
Tinha mais coisas a falar sobre este assunto, mas vou deixar pra outro dia.