22/02/2007

Credencialismo

Credencialismo é um conceito criado por Randall Collins, um sociólgo norte-americano, para indicar a sobrevalorização do diploma em detrimento do conhecimento, do conteúdo. Para Collins, vivemos numa sociedade credencialista, em que a educação cumpre apenas um papel formal de treinamento. Mais do que o conhecimento, queremos uma credencial pra o mercado de trabalho, um diploma. As credenciais educativas são passaportes para postos do mercado de trabalho? Não necessariamente, segundo Randall Collins. Para ele, uma credencial, um diploma, é um passo importante para entrar no mercado de trabalho, mas é preciso também incorporar uma cultura que se identifique com a cultura desejada, esperada, pelo empregador.

Ele está entendendo, de fato, o conteúdo aprendido com a educação como irrelevante para uma boa colocação no mercado de trabalho. Uma credencial, ou melhor, uma boa credencial é mais importante do que o conteúdo ensinado e aprendido. Isso significa dizer que a estratificação educacional, a hierarquia entre as escolas, gera uma estratificação de diplomas, uma hierarquia de diplomas. Que por sua vez, mantém uma relação direta com o mercado de trabalho: a estratificação educacional é reproduzida no mercado de trabalho e o mercado, em contrapartida, condiciona a estratificação educacional. Em palavras mais simples, escolas boas ou ruins, são boas ou ruins porque o mercado as faz assim, valorizando-as, seus diplomas, desigualmente. Os formados por boas escolas terão uma probabilidade maior de obter êxito no mercado de trabalho não porque eles tenham mais conteúdo, conhecimento, que os formados por escolas ditas ruins, mas porque seus diplomas valem mais no mercado. Os empregadores para não colocar em risco suas empresas tendem a selecionar trabalhadores formados por determinadas instituições reconhecidamente elitistas.


Na verdade, Randall Collins está mostrando que a seleção para ocupar postos no mercado de trabalho é uma seleção classista, uma seleção que acaba reproduzindo a hierarquia de classes da sociedade: os mais ricos estudam nas melhores escolas e os melhores postos de trabalho, os mais bem remunerados, são entregues aos formados nas melhores escolas, que, coincidentemente, são os mais ricos. Será que ele está errado em sua análise? Se estiver errado, então, como explicar tanta desigualdade social?